Dou graças a Deus, a quem sirvo com a consciência limpa, como o serviram os meus antepassados, ao lembrar-me constantemente de você, noite e dia, em minhas orações. Lembro-me das suas lágrimas e desejo muito vê-lo, para que a minha alegria seja completa. Recordo-me da sua fé não fingida, que primeiro habitou em sua avó Lóide e em sua mãe, Eunice, e estou convencido de que também habita em você. (2 Timóteo 1.3-5)
Tradições humanas inventadas para neutralizar a palavra de Deus são ímpias e destrutivas, mas uma herança piedosa é algo belo. Ambos enfatizam a continuidade de crenças e práticas de geração para geração, mas enquanto as tradições humanas representam uma continuidade de rebelião contra o governo de Deus, uma herença piedosa representa fidelidade e uma dependência consciente da graça de Deus. Somente uma herança cristã é uma herança piedosa, e é a única cuja continuidade merece ser celebrada. Todas as outras tradições apresentam caminhos alternativos para o viver que afastam as pessoas da verdade e da vida eterna.
Paulo diz que ele serve a Deus com uma consciência limpa, como o fizeram os seus antepassados. Certo escritor comenta que, por essa declaração, o apóstolo reconhece que o cristianismo é uma continuação do judaísmo. Mas isso pode ser enganoso. Se por judaísmo nos referimos à religião do Antigo Testamento, de forma que os antepassados de Paulo referem-se àqueles que acreditaram e pregaram o seu Salvador prometido, então o cristianismo é de fato um cumprimento e continuação dessa religião. Mas o judaísmo não é a religião do Antigo Testamento. No tempo de Cristo, os judeus tinham rejeitado e pervertido tanto a palavra de Deus que assassinaram o cumprimento pessoal do Antigo Testamento. O próprio ministério de Cristo não foi uma continuação do ministério dos judeus ou fariseus, mas um rígido contraste a ele, com João o Batista, que condenava os judeus e fariseus, como o predecessor. Paulo teve que se converter da religião que estava servindo e voltar à fé do Antigo Testamento para retornar à vereda doutrinária coerente com a fé de Jesus Cristo. Seus antepassados não são os judeus e fariseus, mas aqueles profetas e anciãos que eles assassinaram.
Voltando à herança de Timóteo, Paulo menciona a fé de sua avó e mãe. Essa mesma fé agora habita em Timóteo. Visto que a fé de Timóteo é a fé de um cristão, quando Paulo se refere à fé de sua avó e mãe, é provável que ele tenha em mente a fé cristã também. Se Paulo tinha em mente a fé judaica, então uma delas ou ambas devem ter morrido antes de ouvir sobre a fé cristã, ou elas devem ter agora se convertido à fé cristã. Isso porque Jesus disse que se alguém crê em Moisés, então ele acreditará em Jesus, visto que Moisés falou sobre Jesus. Assim, ninguém que verdadeiramente creia no Antigo Testamento recusará crer em seu cumprimento, isto é, a mensagem de Jesus Cristo. E visto que a fé do Antigo Testamento é nada mais que uma fé prospectiva em Cristo, é muito apropriado chamá-la uma fé cristã também. Em outras palavras, quer no Antigo ou Novo Testamento, jamais houve qualquer fé verdadeira que não a fé cristã.
Timóteo é a terceira geração de crentes. Paulo usa esse fato para encorajar firmeza em seu pupilo. É necessário romper uma história de rebelião humana e tradições religiosos falsas, mas é algo louvável continuar uma herança piedosa. Algumas vezes não há em comum entre nossa herança espiritual e natural, e não existe nenhum bem espiritual em nossa linhagem natural. Talvez nossos pais e avós sejam pessoas ímpias e creiam em algumas coisas muito tolas. E quando Deus nos salva, ele não nos salva para continuar uma herança piedosa, visto que não existe nenhuma, mas para nos afastar de uma herança ímpia. Ele nos resgata das abominações de gerações anteriores, e nos mostra que não estamos presos às suas crenças e práticas.
Alguns dos nossos pais são ateus. Eles imaginam um mundo fantasioso onde não existe nenhum Deus para lhes dizer o que fazer e condená-los por seus muitos pecados. Ateísmo é um estado de ilusão severa, uma desordem mental causada pelo pecado. Ou, talvez nossos pais sejam aderentes de religiões não cristãs. Essas são alternativas ensinadas por demônios e aceitas pelas pessoas para evitar enfrentar a verdade sobre Cristo o Salvador e Juiz. Essa é também uma má função intelectual. Quer sejam da variedade religiosa ou ateísta, os não cristãos são estúpidos e insanos. Visite uma instituição mental e observe os maníacos. Alguns murmuram absurdos para si mesmos. Alguns gritam palavrões incoerentes. Outros espumam pela boca. Outros riem de nada. E ainda outros são violentos. Todos os não cristãos são interiormente assim durante todo o tempo. Mas Deus teve piedade de nós enquanto estávamos presos em nossas loucas ilusões, e nos resgatou do caos interior. Agora nossas mentes são claras. Agora encaramos a realidade e cremos na verdade. Ele nos salvou dos nossos ancestrais insanos, e de uma história de idolatria, incredulidade, assassinato, adultério, divórcio, materialismo, e coisas semelhantes.
Essa é a graça e o poder de Deus, que em Cristo podemos ter uma nova e gloriosa herança. Se nossa linhagem natural não tem nada em comum e não partilha disso, então não importa – Abraão é o nosso pai mediante a fé em Cristo, e nossos predecessores são os profetas e os apóstolos, e todos aqueles que fielmente serviram a Deus ao longo dos séculos. Essas pessoas não eram da nossa raça segundo a linhagem natural, mas se nos focarmos tanto em questões como raça, como muitas pessoas o fazem, então ficaremos sob a repreensão de Cristo: “Você não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens” (Mateus 16.23). Mesmo quando Paulo expressou sua preocupação pelos judeus, seu único foco era a salvação espiritual deles. Ele nunca expressou qualquer interesse na restauração da força econômica e política dos judeus. É quase como você desejaria que sua família natural fosse salva por Cristo. Preocupar-se com os seus compatriotas seria uma preocupação mais ampla do mesmo tipo, mas permanece uma preocupação primariamente espiritual, e não racial.
Fonte: Reflections on Second Timothy (monergismo.com)
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Olá! Postei sobre a questão de ministrar antes da música. Gostaria de saber sua opinião como músico e presbiteriano.
ResponderExcluirhttp://www.filosofiacalvinista.blogspot.com.br/
Ola graça e paz de Jesus.
ResponderExcluirme perdoe por não ter respondido antes.
fiquei alguns meses sem net.
Se for possível me envie o link do texto que você postou.
paz de Jesus.