sábado, 29 de setembro de 2012

EIS QUE ESTOU À PORTA E BATO


Apocalipse 3:20

“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. (Apocalipse 3:20)


Daqui é concluído, [1] que Cristo está de pé e bate nos corações dos pecadores não regenerados pelo ministério da palavra, e que eles têm suficiente graça e força para abrir os seus corações para Ele, pois de outra maneira Ele bateria em vão; porque que homem sábio ficará de pé na porta de outro e baterá, se ele sabe que não há ninguém lá dentro que possa abrir para ele? E visto que se requer dos homens, na conversão, que abram seus corações para Cristo, conseqüentemente, a obra não é realizada por um poder irresistível, ou sem o consentimento e cooperação da vontade do homem. Mas,

1. Deve ser provado que o ministério da palavra é alguma vez denotado pelo bater nos corações dos pecadores não regenerados, ou que Deus, ou Cristo, são ditos alguma vez bater nos corações dos homens pelo ministério da palavra. Os homens podem golpear o ouvido, somente deus pode alcançar e golpear o coração, o que é feito quando o Evangelho vem não em palavra somente, mas em poder, e no Espírito Santo, e quando Deus faz isto, Ele faz não batendo e golpeando, e então esperando até que a abertura é feita de dentro; mas Ele golpeia o lar, e ao mesmo tempo abre a porta do coração, como Ele fez com Lídia, por Sua poderosa e eficaz graça. Deve ser também provado que Deus, na conversão, ordene e requeira que os homens abram seus corações para Ele; nenhuma dessas coisas podem ser provadas seja a partir deste texto ou de qualquer outro de toda a Bíblia; não está no poder do homem não regenerado, sendo morto em delitos e pecados, nem em sua vontade, inclinações, desejos e afeições, suas mentes carnais estando em inimizade contra Deus e Cristo, o abrir o seu coração e deixá-lo assim. E supondo que aquelas palavras representam Cristo estando de pé e batendo na porta dos corações dos homens, pelo ministério externo da palavra, não tem Ele a chave da casa de Davi, com a qual Ele abre e nenhum homem fecha? E Ele faz isto pelo poder de Sua graça, sem oferecer qualquer violência para as vontades dos homens, visto que seu povo é feito um povo disposto no dia de Seu poder. Por conseguinte seu bater não é em vão, visto que aos seus eleitos não somente a graça suficiente mas a graça eficaz é dada, pela qual a porta dos seus corações é aberta para Ele, e outros são deixados inescusáveis, que estão prontos para fazer subterfúgios tais como estes:; tivesse Ele batido, eu teria aberto; tivesse eu ouvido, teria crido; tivesse eu sabido, teria feito isto e não outra coisa. Mas,

2. Estas palavras não foram pronunciadas para pecadores não regenerados, nem fazem elas qualquer referência para o abrir dos corações dos homens na conversão, mas são dirigidas ao anjo da igreja de Laodicéia, e para os membros daquela igreja, pessoas que professavam o nome de Cristo; os quais, embora não fosse quentes, não eram todavia frios, e para os quais Cristo tinha uma admiração, embora eles estivem neste estado de mornidão; e, portanto, toma todo método apropriado para trazê-los de volta; que era muito parecida com a igreja em Cantares de Salomão 5:2, Eu dormia, mas o meu coração velava. Eis a voz do meu amado! Está batendo: Abre-me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minha imaculada - um paralelo para este texto, e que é, além do mais, o único no qual é dito Cristo bater, e requerer de alguém que abra para Ele. Agora, seu estar na porta pode significar sua proximidade para julgar, veja Tiago 5:8,9; (esta igreja de Laodicéia, sendo a última das igrejas, representa o estado da igreja nos últimos tempos, que trará e concluirá com o julgamento geral;) ou senão o propósito é mencionar a Sua presença nesta igreja, o que mostra Seu continuado amor, cuidado, condescendência, e paciência para com ela. Seu bater na porta não é pelo ministério da palavra, mas por algumas dolorosas dispensações de providência, talvez perseguição. Esta igreja estava em uma forma sonolenta, morna, indiferente e segura de espírito, como aparece a partir dos versos 15-18. Cristo não permitirá que ela continue assim, e, portanto, toma Sua vara em Suas mãos, permanece em sua porta, e dá algumas severas batidas e golpeadas para trazê-la para Si mesmo, e para fora deste estado e condição de indolência, indiferença e autoconfiança no qual ela estava; cujo sentido é confirmado pelo verso precedente, Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te. A promessa que Ele faz para os tais que ouvem a Sua voz, isto é, os sábios, que escutam a vara, e Quem a ordenou, quando a voz do Senhor clama à cidade (Miquéias 6:9), ou à igreja, e abra para Ele, isto é, pelo exercício de uma vida de fé e amor, e que é devido ao Seu ato de meter a Sua mão pela fresta da porta (Cantares 5:4), é, que Ele entrará, para eles, e comerá com eles, e eles com Ele, o que pode, em geral, designar comunhão e intimidade em Sua casa e ordenanças, ou em particular, as bodas do Cordeiro, para a qual aqueles que foram chamados são declarados benditos.

Apocalipse 3.14-22 é uma carta endereçada a igreja cristã de Laodicéia. Uma exortação aos cristãos e não um apelo evangelístico. Com esta afirmação não quero dizer que a utilização do versículo para fins evangélisticos seja ilegítima, apenas quero afirmar que o sentido primário do texto não é este. É preciso estar atento a tal fato, pois muitas heresias surgem de interpretações que tiram o texto de seu contexto original.

O apelo de Ap 3.20 (“eis que estou à porta e bato (...)”) é o desafio para a renovação espiritual dos cristãos de Laodicéia. O fervor inicial foi perdido, a igreja outrora quente, agora está morna. Melhor que eles fossem frios, pois ficaria claro que eles não eram cristãos, mas a situação em que viviam produzia um escândalo para a fé cristã. Eles se diziam discípulos de Jesus, mas sua vida indicava outra coisa. A fé cristã para eles se tornou numa mera rotina, tudo agora era mecânico. Não é este um perigo para a nossa fé hoje em dia também? Nos acostumamos com a fé cristã, Jesus e igreja, e nos tornamos em cristãos mornos. Nada pior, a palavra de Jesus é dura para os mornos: vou vomitá-los de minha boca.

Outro problema causou a estagnação espiritual de Laodicéia, a auto-suficiência. Somos ricos e não precisamos de nada mais. Uma condição básica para o discípulo de Jesus é a dependência de Jesus, sem ele nada podemos fazer, o real sentido da humildade cristã. Quando achamos que podemos seguir sozinhos, a derrota se inicia. Por mais que avancemos em nossa fé, por mais maduros que sejamos, nunca podemos prescindir da ação do Espírito Santos em nossas vidas.

Diante da lamentável situação dos cristãos de Laodicéia, Jesus os exorta: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” Jesus não os abandonou, o seu amor era o mesmo por aqueles cristãos. O castigo era uma expressão deste amor, o apelo era para que eles se arrependessem! Era necessária uma mudança radical de atitude, uma renovação espiritual como diríamos hoje.

O amor de Jesus também fica claro com a imagem de que ele estava do lado de fora da igreja, mas batia a porta de forma insistente. Os cristãos de Laodicéia podem ter colocado Jesus para fora de suas vidas, mas Jesus não os deixou a vagar sozinhos. Ele continuava a expressar o seu amor incondicional e gracioso para os cristãos de Laodicéia. Nada mais consolador. Nossos erros e pecados podem colocar Jesus para fora de nossas vidas, mas Ele sempre estará do nosso lado, batendo a porto do nosso coração.

Diante do apelo amoroso de Jesus (“eis que estou à porta e bato”), a resposta esperada era atenção a sua palavra e obediência. “Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta”. Em toda situação de debilidade espiritual, uma saída indispensável é ouvir a palavra de Jesus, ouvir a Palavra de Deus. Em todos os grandes avivamentos espirituais, da Reforma Protestante ao aviamento americano do Século XIX, todos foram motivados pela leitura da Palavra de Deus. Não basta, porém, ouvir a voz de Deus, a obediência é atitude que se segue de imediato. Ouvir e obedecer, duas atitudes inseparáveis na vida do cristão.

 

 

Josias Sillva

Javé Nissi.

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